Quando você passa muito tempo sozinha, você passa a idealizar duas coisas - 1) quais são as vantagens da solidão e 2) quais seriam as características (diga-se, impossíveis de alcançar) de alguém que te fizesse sair dela... e isso acontece porque, pelo menos pra quem mora em Rio Branco, a solidão acaba parecendo uma excelente opção. Ser sozinha parece, realmente, mais atrativo que ficar com um carinha arrogante em final de balada ruim ou do que disputar espaço com "moças de família que não sentem frio"*
A solidão é uma especíe de limbo emocional, um lugar meio sombrio, meio céu e meio inferno... porque, apesar de parecer ruim, ela, paradoxalmente, te proporciona os melhores momentos de você com você mesma.
O que acho complicado na solidão é que ela fortalece justamente o medo de se relacionar com outra pessoa... o medo de sair da sua zona de conforto com os seus fantasminhas camaradas que vc já conhece tão bem pra te colocar numa zona desconhecida e cheia de novos desafios.
Então você pensa em ter alguém com tantas qualidades que, se essa pessoa existisse, de verdade, seria chata demais (até) pra vc... embora nos seus "planos mirabolantes" aquele pareça, sim, ser o protótipo ideal de parceiro.
Estou escrevendo na terceira pessoa fatos que se passaram comigo... é, tenho manias estranhas rs...
Eu pensei que queria um homem inteligente, bonito (tá, essa parte é meio mentira rs), bem sucedido, resolvido, bom de cama (excelente de cama, pq isso é legal rs), que goste de criança e trate bem minhas filhas, que goste de viajar, que seja educado, que me surpreenda... eu queria alguém tipo o Ken (sim o da Barbie) só que macho.
Mas a vida... essa danada, não tem roteiro... aí você não encontra ninguém....
Entretanto... quem sabe, você pode ser ENCONTRADA por alguém, alguém que te ache incialmente estranha, meio doida e fora dos padrões, mas que ainda assim tenha uma curiosidade relativamente grande em saber mais de você, que suspeite que você é um pouco além de todos os sorrisos e simpatias de um primeiro encontro com cerveja e amigos por perto, que não leve em consideração suas tentativas de fugir... fugir da proposta de relação, da pessoa, e até de si mesma... que queira você na calmaria da sua casa, diante de uma tv, com uma programação qualquer, que passe a tentar te conhecer como pessoa, e, especialmente, como mulher...
Aí... então, quem sabe, aí sim, vc passe a descobrir que precisa é de alguém que te dê colo no final do dia, que tome a cerveja do fim do expediente com você, porque só em te olhar a pessoa já consegue detectar que teu dia não foi fácil, que te prepare o café da manhã, que grave vários cds com as músicas que vc mais gosta, porque entende que vc dirige mais calma quando ouve uma música, alguém que cuide de você quando vc tá na TPM, que te ache linda (mesmo) sem maquiagem, que te faça bem, que te cause torpor, que tenha bom humor, carinho e afago, que saiba que vc tem um milhão de coisas pra dar conta, mas que ao final de tudo isso, vc é frágil.
Alguém que pode até ser "inteligente, bonito (tá, essa parte é meio mentira rs), bem sucedido, resolvido, bom de cama (excelente de cama, pq isso é legal rs), que goste de criança e trate bem minhas filhas, que goste de viajar, que seja educado, que me surpreenda... eu queria alguém tipo o Ken (sim o da Barbie) só que macho." mas, que para além disso, seja real.
Depois de um tanto de decepções amorosas, é bom viver uma situação que não represente um drama cósmico, que seja mais dia a dia, que te chateie (mas só um pouco), que te deixe feliz, que te cause ansiedade, mas não te faça morrer por isso... que te cause medo, mas que te dê segurança quando ela for preciso... é bom que alguém saiba a hora de olhar pra você e dizer "eu estou aqui" e que isso signifique exatamente isso...
Das coisas que tenho percebido... entendido... uma delas me chama bemmm mais a atenção nesse momento... é que não é o fato de ter planos pro futuro o que realmente importa, mas o fato de não ter medo dele... ;)
"moças de família que não sentem frio"* - piriguetis